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A Rabeca

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                um instrumento de cordas com origens muito remotas no tempo e no espaço. Há registros de imagens de rabecas no século doze, em Portugal, mas pode ser muito mais antigo. Existem instrumentos semelhantes no continente africano, na Ásia, no Oriente Médio e também na Europa. Teve diversos nomes e, conforme historiadores, pode ter chegado à Europa pelas mãos dos árabes, quando dominaram uma parte de seu território por aproximadamente oito séculos, trazendo sua cultura, ciência, religião e filosofia.

         Chegou ao Brasil na bagagem dos conquistadores portugueses e espanhóis, ainda no período da colonização e encontrou terreno fértil na região nordeste, embora haja fortes tradições de rabequeiros no Estado de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, região centro-oeste e norte do  país.

              Até o início do século vinte (antes da chegada do fole de oito baixos) era rabeca que acompanhava as procissões, missas, cantos religiosos e as festas do sertão. Uma rabeca, um melê (instrumento de percussão anterior à zabumba) e um pandeiro, faziam a festa atravessando as noites nos terreiros, trazendo alegria e fazendo todos dançarem. Foi muito utilizada por músicos e cantadores em feiras e pelejas de poetas improvisadores, tais como Cego Aderaldo, Vilemão Trindrade, Cego Oliveira entre tantos outros. No cavalo marinho é o instrumento principal da orquestra e vem atravessando os séculos alegrando e fazendo a festa.

            Nos anos mais recentes chegou à música "pop" e influenciou movimentos da música urbana como o "mangue beat". Foi introduzida como instrumento principal em bandas como o Mestre Ambrozio, e trabalhos solo de grandes rabequeiros, inspirados na cultura popular.

               Uma nova geração vem despontando como bons representantes da arte da rabeca e de sua construção. É um instrumento milenar, que deu origem a toda a família do violino e, conforme estudos acadêmicos, está crescendo em manifestação na música popular urbana e poderá ser um grande destaque na redescoberta das tradições populares.

 

João Nicodemos de Araujo Neto

 Etnomusicólogo

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